Afonso de Albuquerque

  • Compositor: Rui Pereira
  • Ano de Composição: 2019
  • Categoria: Poema Sinfónico
  • Duração: 12
  • Instrumentação: Banda
  • Dificuldade: 5

Notas de Programa

NOTAS DE PROGRAMA

 

 

Esta obra foi arquitetada para enaltecer a grande importância de Afonso de Albuquerque na História de Portugal,e na preservação dos interesses da Coroa Portuguesa na Índia.

A obra está esquematizada em movimentos identificados por mim na partitura:

O primeiro movimento é designado "O Início"; o segundo "Cavaleiro de Santiago"; o terceiro "A viagem e chegada à Índia"; o quarto "A batalha de Ormuz"; e o quinto e último "Morte de Afonso de Albuquerque, 1515".

Esta sucessão dos movimentos está disposta e inteiramente relacionada com a sucessão dos acontecimentos da vida do navegador, bem como o desenvolvimento do material presente na obra.

 

"O Início" - este movimento tem como base uma escala própria, diminuta, criada por mim para caracterizar este movimento. A escala diminuta com a sua ambiguidade e complexidade é o que caracteriza o material harmónico e melódico.

É iniciado com os tímpanos a anunciar o início da história de vida de Afonso de Albuquerque, começam com uma anacruse que cai na nota lá (A), sendo esta a inicial do nome do Navegador e na Notação Musical Inglesa\ Alemã, este recursso foi propositadamente estelizado durante obra.

A escala é apresentada na íntegra no compasso oito e vai-se dissipando até ao compasso dez, no compasso onze mais uma vez, é salientada a importância da nota lá (A), desta vez como pedal no contrabaixo e nos tímpanos que se prolonga até ao final do movimento. No compasso doze é exposto o tema melódico apresentado na trompa que serve para caracterizar o início de vida do navegador. O início de vida deste não é muito preciso, pois os registos históricos são imprecisos, bem como a distância secular que faz com que se percam muitos pedaços da mesma. Muitos dos acontecimentos até então eram mais manifestados através da expressão oral em vez de escrita, toda esta imprecissão e dúvida é representada pela a escala diminuta e o solo de trompa.

 

"Cavaleiro de Santiago" - Afonso de Albuquerque era profundamente religioso e pertencia à ordem militar designada por "A Ordem dos Cavaleiros de Santiago". Esta ordem estava sediada no castelo de Palmela, e foi nesse local que Afonso de Albuquerque for armado Cavaleiro.

Afonso tinha um enorme orgulho e prestígio em pertencer a esta Ordem, tanto que sempre manisfestou o desejo de ser sepultado com o hábito da Ordem.

Este movimento é desenvolvido em função da sua armação a Cavaleiro de Santiago. Um ostinato rítmico apresentado na percussão representa o cavaleiro, e seguidamente quando surgem as chamadas em fanfarra das trompetes é utilizado o mesmo ostinato ritmíco para demonstrar o momento da armação a cavaleiro.

Todo este movimento tem um cariz Renascentista Medieval e de Fanfarra de forma a salientar a grandiosidade que a Ordem respresentou na vida do mesmo.

"A viagem e chegada à Índia" - Afonso de Albuquerque foi mandado para a Índia em 1506 como Capitão-mor da Arábia para manter o domínio da coroa e do controlo marítimo, assim como o monopólio do comércio das especiarias.

Este è um movimento introspetivo e de reflexão, pois este foi para a Índia combater o desconhecido, deixando a sua família em Portugal. O solo de violoncelo que se inicia no compasso oitenta e um, caracteriza a saudade e a instrospeção de Afonso durante a  sua viagem. Segue-se um motivo designado por "Danza", que representa a chegada do navegador à Índia, sendo este apresentado pelo solo da flauta no compasso noventa e dois, acompanhado por uma secção rítmica na percussão. Esta secção é sempre desenvolvida com a representação de instrumentos com enfoque na música tradicional árabe e sua cultura.

"A batalha de Ormuz" - Esta foi uma das maiores conquistas de Afonso de Albuquerque e da História de Portugal, pois foi graças à vitória desta batalha que permitiu que a Coroa tomasse por completo o controlo marítimo dos mares da Arábia. Este movimento é caracterizado por um material harmónico e melódico criado para o efeito. Dizem os historiadores que aquando da batalha de Ormuz, eram quatro a seis naus comandadas por Afonso de Albuquerque, contra provavelmente cerca de cento e sessenta navios Persas.

Para representar a Armada Portuguesa, é utilizado um acorde de quatro sons apresentado quatro vezes pelas trompas, entre os compassos cento e setenta e oito e duzentos e dez, utilizado como personificação para representar as quatro naus Portuguesas.

Para representar a Armada Persa estando esta em larga vantagem numérica criei uma frase melódica que contém cinco sons e a uma distância intervalar de quintas paralelas entre a primeira e segunda voz. Sendo esta uma regra de proporção aqui aplicada, de 5/4 evidenciando assim a superioridade da Armarda Persa perante a Portuguesa.

Para finalizar o movimento, no compasso duzentos e trinta, surge um acompanhamento rítmico com a nota lá (A) que vai sendo evidenciada na tuba e no Contrabaixo, para realçar a quase vitória da Armada Portuguesa. Neste contexto a nota lá (A) representa a nau de Afonso de Albuquerque, estando esta no dessenrolar da batalha a sobrepor-se aos navios da Armada Persa. Perante o culminar da Vitória da Armada Portuguesa, surge no compasso duzentos e quarenta e quatro, através de ordem descendente de agudo para o grave por entradas sucessivas a letra (V) de Vitória.

Esta, representada na partitura através de notação musical é uma alusão visual para glorificar o feito aqui mencionado através primeiro letra da palavra.

 

"Morte de Afonso de Albuquerque, 1515" - A morte de Afonso de Albuquerque deu-se a bordo de uma nau Portuguesa, após esta, os seus companheiros a bordo improvisaram um trono e vestiram-no com o hábito de Cavaleiro de Santiago, conforme era sua vontade, fazendo-o chegar a Goa, como um Rei. Estando este já falecido, esta foi a homenagem prestada por todos aqueles que com ele serviram e honraram os interesses da Coroa e da Nação Portuguesa.

A caracterização da sua morte é feita através de um solo de saxofone soprano no compasso duzentos e cinquenta e dois, sendo esta uma frase melódica com um carácter muito triste e melancólico. Agregada a esta melodia vão surgindo umas notas percutidas em pedais no piano com a nota lá (A), onde reflete ainda mais o caráter "Profundis" [1], caracterizando ainda mais o caractér fúnebre.

Este movimento e a obra terminam ambos com a simbologia da morte, para dar enfoque a obra termina com três notas primeiramente no piano e posteriormente na letra AA com os sinos. Estes três sons têm a simbologia aqui representada por mim como "A Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo" os três sons no piano representa o "Profundis" e os três sons nos sinos representam a sua elevação ao céu, glorificando a sua memória.

Esta obra recebeu uma Menção Honrosa na 7ª Edição do Concurso de Composição para Orquestra de Sopros, Banda Sinfónica do Exército - Fundação Inatel - 2019

 


[1] Das profundezas. Palavras iniciais da versão latina do Salmo 130, recitado nas cerimônias fúnebres e no ofício dos mortos

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