Via Crucis

  • Compositor: Carlos Marques
  • Ano de Composição: 2013
  • Categoria: Poema Sinfónico
  • Duração: 21'00
  • Instrumentação: Banda
  • Dificuldade: 4

Notas de Programa

Esta obra, composta entre janeiro e março de 2013, resultou de uma encomenda da Câmara Municipal de Sever do Vouga no âmbito do projeto "Ressurgir", com o objetivo de ser apresentada pelas duas bandas do concelho (Filarmónica Severense e Banda União Musical Pessegueirense). Estreada em 30 de março de 2013, no Centro das Artes e dos Espetáculo de Sever do Vouga, sob a direção do compositor, com um efetivo de 140 músicos.

Statio I - Iesus Condemnatur ad Mortem

Perante o Sinédrio, Jesus é condenado à morte.

A magestosidade do início, descrevendo a importância do Sinédrio enquanto órgão de poder judeu, dá lugar a um burburinho discreto, próprio de quem não pretende ser descoberto, que retrata a falta de coragem daqueles que acompanharam Cristo nos últimos momentos da Sua vida. Surge então, poderoso, um motivo de 3 notas (Sib, Réb e Lá) que é aqui - e sempre que surge ao longo da obra - utilizado como sentença de morte. Ainda durante esta estação, diversos sons de percussão retratam a flagelação. Este andamento termina com o proferir da sentença, através do motivo entretanto apresentado.

Statio II - Iesus Oneratur Ligno Crucis

Jesus carrega a Sua cruz.

O carácter do andamento é um Andante doloroso. O baixo ostinato, nas tubas e nos tímpanos, representa os passos de Cristo nesta caminhada. Todas as melodias, fragmentos, motivos e ideias musicais apresentadas durante este movimento são de lamentação e sofrimento.

Satio III - Iesus Procumbit Primum Sub Onore Crucis

Jesus cai pela primeira vez.

Todo o desenrolar do andamento, violento e estrepitoso, desemboca na caída de Cristo pela primeira vez, sucumbindo ao peso da cruz. São audíveis os sons do chicote, forçando-O a levantar-se. A representação sonora da queda é literal e fecha o andamento.

Statio IV - Iesus Fit Perdolenti Matri Obvius

Jesus encontra a Sua mãe.

Neste andamento é apresentado pela primeira vez o "tema feminino". Este tema, terno e triste, é transversal a todas as presenças do feminino ao longo da obra.

Statio V - Iesus in Biulanda Cruce a Cyrenaeo Adiuvator

Simão de Cirene carrega a cruz.

Os ritmos irregulares marcam o andar irregular de Cristo, condicionado pelo esforço de carregar a cruz. O andamento termina com o motivo da condenação à morte, lembrando que a mesma é inexorável e que será cumprida, apesar deste auxílio piedoso.

Statio VI - Iesus Veronicae Sudarium Abstergitur

Verónica enxuga o rosto de Jesus.

Este andamento tem como tema base o tema já apresentado no encontro entre Jesus e a sua Mãe. No entanto, e considerando que o momento mais pungente terá sido mesmo esse encontro entre Maria e Cristo, aqui não se chega a desenvolver, sendo apenas apresentada a sua ideia inicial.

Statio VII - Iesus Procumbit Iterum sub Onore Crucis

Jesus cai pela segunda vez.

Este andamento é uma reexposição simples e sem alterações do andamento em que Jesus cai pela primeira vez.

Statio VIII - Iesus plorantes mulieres alloquitur

Jesus consola as mulheres de Jerusalém.

O tema feminino volta a ser utilizado. Desta vez surge um contraponto, cantado em uníssono por vozes femininas, referindo a tristeza e a ternura sentida em relação ao condenado. Aparece, pontualmente, um motivo fúnebre nos trompetes anunciando a proximidade da morte.

Statio IX - Iesus Procumbit Tertium sub Onore Crucis

Jesus cai pela terceira vez.

Nova reexposição da primeira queda.

Statio X - Iesus Vestibus Spoliatur

Jesus é despojado das Suas vestes, que são divididas pelos soldados romanos.

O início do andamento, com a percussão e os trompetes, remete para um ambiente militar; por outro lado, o apontamento das flautas, oboés e xilofone as vestes a serem rasgadas. O solo de oboé, seguido pelo do clarinete, representam a túnica, de qualidade, a ser deitada às sortes pelos soldados.

Statio XI - Iesus Clavis Affigitur Cruci

Jesus é pregado na Cruz.

A violência do andamento, com acentuações fortes na percussão, são uma representação sonora dos pregos a serem colocados. O carácter sinistro e tenebroso do quadro reflete-se na harmonia dissonante e na ausência de uma tonalidade estabilizada.

Statio XII - Iesus Moritur in Cruce

Jesus morre na Cruz.

Mantendo o carácter violento da estação anterior, a morte de Jesus é marcada por uma série de diálogos (com os dois ladrões; com os soldados que lhe dão a beber vinagre com fel) entre as várias secções da banda. Sempre presente, o motivo da condenação (Sib, Réb e Lá) está presente ao longo de todo o andamento, aparecendo no entanto com ritmos diferentes. A percussão simula a trovoada e as trevas que, segundo diversos relatos, se abateram sobre a Terra na morte de Cristo. O andamento termina com o motivo da condenação, seguido das palavras proferidas por Cristo "Eli, Eli Lama Sabachthani" (Meu Deus, Meu Deus. Porque Me abandonaste?!).

Statio XIII - Iesus Deponitur de Cruce

Jesus, deposto da Cruz, nos braços da Sua mãe.

Uma monodia simples, terna e lúgubre, nos Clarinetes Baixos, retrata a deposição de Cristo na Cruz. A harmonia que entretanto vai surgindo retrata a congregação dos vários elementos que se crê haver participado na deposição. Termina com uma cadência Plagal (Cadência "Ámen"), marcando o despertar da congregação cristã.

Statio XIV - Iesus Sepulcro Conditur

Jesus é sepultado.

Este andamento é marcado por um ritmo de marcha fúnebre, na percussão e nos trompetes. Sobre este, fragmentos da melodia do quadro anterior, recordando a tristeza de Maria, aparecem pontualmente. A harmonia utilizada é a que serve de base também ao tema feminino, referência ao facto de o tratamento do corpo e a subsequente sepultura ter sido tarefa, sobretudo, de mulheres.

Et Resurrexit Tertie Die Secundum Scripturas

E ressuscitou ao terceiro dia conforme as escrituras.

Este andamento, de carácter pomposo, majestoso, glorioso e, sobretudo, festivo, descreve a ressurreição de Cristo e o advento de uma nova era. Procura transmitir também, nos tempos atuais, um sentimento de esperança num futuro melhor, onde as dificuldades do dia a dia são degraus de uma escada que nos conduzem à felicidade e à realização de todos os nossos anseios e projetos.

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