"Eli, Eli", redução de "Eli, Eli, lema sabacthani?" refere-se ao texto bíblico em latim (evangelho de Mateus) e às palavras de Cristo na cruz, perto do consumar da paixão. A composição, não pretendendo qualquer relação directa com o cristianismo, assume esta frase como símbolo de uma perda de espiritualidade comum a grande parte da sociedade urbana ocidental contemporânea. A espiritualidade, não necessariamente religiosa, emerge pelo abandono da euforia caleidoscópica do quotidiano onde se sobrepõem imagens, ideias e sons muitas vezes desconexos e frequentemente superficiais. "Eli, Eli" procura um retrato desta reflexão através da inicial aparente desconexão e sobreposição de citações estilísticas de onde emerge uma ideia musical mais coesa, suportada, como o título, numa paráfrase do canto sagrado cristão.